Entrevista para o jornal O politécnico

29 de setembro de 2025

Apresentação breve dos membros da chapa

Raul Gonzalez Lima: Engenheiro Mecânico, Ph.D. em Eng. Aerospacial. Trabalha com Vibrações, Controle e Engenharia Médica, cofundou uma “deeptech” da USP que fabrica Tomógrafos por Impedância Elétrica para o mundo. Junto com Marcelo Zuffo coordenou o Projeto Inspire. Atuou como chefe de departamento, presidente de comissão de Pós-Graduação, coordenador da Comissão de Ética da Poli e Pró-Reitor Adjunto de Inovação.

Túlio Nogueira Bittencourt – Pesquisador 1A CNPq. Engenheiro Civil – UnB, Mestre – Engenharia Civil – PUC-Rio, Ph.D. – Engenharia de Estruturas – Cornell University. Professor Titular da PoliUSP. Membro Honorário do IBRACON, Diretor de Normalização da ABECE. Coordenador do PPGEC-PoliUSP (2008-2012). Diretor Presidente do IBRACON (2012-2015).

Como vocês resumiriam o estado em que enxergam a Poli hoje? (Em termos acadêmicos, graduação, pós-graduação, permanência estudantil, relevância nacional e internacional)

A relevância nacional é elevada a julgar pelo elevado número de CEOs de grandes empresas e pelo capital de risco atraído pelas empresas filhas, cerca de 15% do país. A relevância internacional é elevada, uma vez que é a maior escola de engenharia no maior ecossistema de inovação da América Latina e entre os 60 maiores ecossistemas do mundo segundo a WIPO. A permanência estudantil precisa se aperfeiçoar em termos de espaço para as iniciativas, restaurante, espaço de convivência, transporte e segurança. A pós-graduação, embora com notas Capes majoritariamente de 5 a 7, pode beneficiar o país através de maior interação com políticas públicas, setor produtivo e multidisciplinaridade. Já a graduação, que costuma estar entre as primeiras da América Latina e entre as 100 primeiras do mundo, tem perdido candidatos por vaga na última década.

Qual é, na opinião de vocês, o principal problema da Poli hoje?

Há uma queda sistemática da procura pela Poli, cerca de 50% em dez anos. Na nossa opinião, há uma distância entre o que sonha a população de 15 e 16 anos, com talento para ciência, tecnologia, engenharia e matemática, e aquilo que oferecemos nos primeiros anos. Há baixa confiança de que podemos, juntos, gerar o engenheiro capaz de beneficiar o mundo.

Qual o papel, na sua visão, das entidades estudantis na vida na Poli? Qual deve ser a relação entre eles e a Diretoria? (Grêmio, Centrinhos, Atlética, coletivos, grupos de extensão)

A economia do conhecimento, com sua escalabilidade e sinergia, provocou uma procura das nações pelas suas universidades. A universidade de quarta geração precisa trabalhar através de cocriação. Os métodos pedagógicos, assim como os de geração de conhecimento, não podem prescindir das entidades estudantis. Grupos de extensão são parte do método pedagógico. Coletivos ajudam na ética das relações, na inclusão e no pertencimento. Como podemos atrair e cocriar sem centrinhos e Grêmio, sem representação?

Como esperam ver a Poli ao fim de seu possível mandato, em 2029?

Com um forte cinturão de centros de pesquisa em torno de um núcleo de departamentos que desenvolvem conhecimento profundo. Atua na hélice tríplice, com um forte sentido de comunidade e propósito, reconhecendo o efeito estimulante do ecossistema, por ex., Amigos da Poli, Poli Alumni, Fapesp, Senai, etc. Realizando missões que serão bandeiras da presença da Poli na nação e com auxílio de parcerias internacionais. Lidera a valorização da engenharia nacional. Possui flexibilidade organizacional, inteligência estratégica, e na qual todos, inclusive os funcionários, têm espaço de desenvolvimento saudável.

Qual o diferencial da sua chapa? Por que os estudantes, funcionários e professores deveriam apoiá-la?

Esta chapa, POLI: Engenharia do Futuro, pode capturar, de forma participativa, a VISÃO e os PROCEDIMENTOS “pé no chão” para levar a Poli para um patamar condizente com a vocação de liderar a engenharia da nação, zelando pela reputação, geração de profissionais, geração de conhecimento profundo e impacto benéfico, de forma inclusiva e sustentável, neste ambiente da universidade de quarta geração.